sábado, 12 de julho de 2008

Jingle Político

Em época de eleição, é comum perceber candidatos apostando suas fichas na sensibilidade de músicos e marqueteiros em busca de um refrão que se torne hino de sua campanha e possa ser lembrado pelo eleitorado no momento do voto. O baixo custo de produção aliado ao forte poder de memorização tornam o recurso um dos mais utilizados no período. É perceptível na maioria das produções o uso de certos elementos, como leveza, alegria, exaltação às qualidades do candidato e demonstração do que ele pode fazer caso eleito. Tem de composições originais e adaptações de canções conhecidas da MPB a músicas que são apropriadas por completo. É o caso do frevo Voltei, Recife, de Luís Bandeira, usada por Joaquim Francisco em 1988 na campanha para a Prefeitura do Recife. Ou a Madeira do Rosarinho, de Capiba, que virou símbolo da campanha de Eduardo Campos ao governo do estado no último pleito. Caminho oposto tomou o jingle Recife Nagô, de J. Michiles, já interpretado pelo percussionista pernambucano Naná Vasconcelos. Qual a receita para um bom jingle político? “Muita inspiração, um bom refrão e uma melodia fácil. Muitos autores se perdem, porque é muito difícil atingir o belo através do simples”, afirma Lázaro do Piauí. Para o artista, porém, não há diferença entre jingles políticos e os criados para vender produtos e serviços.“Na minha cabeça, o político é um produto como qualquer outro. Como um carro, sabonete ou marca de TV”, diz. Um bom jingle político deve conter a marca do candidato, um pouco de sua história e refletir os desejos de mudança ou continuidade dos eleitores. “O grande desafio será sempre o de conseguir pegar o eleitor pela emoção. Já vi jingles que iniciaram uma verdadeira virada na percepção dos eleitores”. “Jingle é um discurso musical dirigido a um eleitor. Se for bem-feito, vai chegar ao coração dele, até mesmo antes de ter passado por sua cabeça”, afirma o publicitário Duda Mendonça no livro “Casos e Coisas” (Editora Globo, 2003). Para ele, o importante é que a música seja boa, independentemente de ser samba, rock, frevo ou qualquer outro ritmo. Diferentemente de outros publicitários, no entanto, ele defende que o candidato deva explorar diversas composições ao longo da disputa eleitoral. “O eleitor não tem que sair por aí cantando o meu jingle. Tem é que incorporar, absorver a minha mensagem. Os argumentos do nosso candidato”, escreve ele em seu livro de memórias pessoais e profissionais. Seja do candidato, seja de alguma marca, alguém ainda duvida da capacidade dos jingles em serem bem-sucedidos nessa missão? Um bom sono pra você e um alegre despertar.